Escriba, escrivinhador, escrevedor, escrivinhadeiro. Não importa a palavra que o defina, esse ofício, também considerado um passatempo ou uma forma de manifestação artística, só precisa de "olhos para ver e ouvidos para ouvir", como bem define Tatiana Belinky, escritora e roteirista responsável pela primeira versão do Sítio do Picapau Amarelo na TV Tupi.
Você sabia que hoje é o Dia Nacional do Escritor? No país de Monteiro Lobato, Cecília Meireles, Ziraldo e tantos outros, a data não poderia deixar de ser comemorada. Instituída em 1960, essa comemoração foi definida por decreto governamental após o sucesso do I Festival do Escritor Brasileiro, organizado por iniciativa de João Peregrino Júnior e Jorge Amado, respectivamente, presidente e vice-presidente da União Brasileira de Escritores naquela época.
As histórias podem vir de qualquer lugar, basta que o escritor esteja apto a descobri-las e a traduzi-las em palavras. E é dessa incerteza que trata o escritor Bartolomeu Campos de Queirós. "Ser escritor é não ignorar a fantasia e dar corpo a ela por meio do conhecimento da língua, do poder transformador das palavras. É também ser trapezista sem rede e não sabe onde vai cair", diz.
Cada escritor pode ter a sua própria forma de criar. Enquanto para alguns o enredo vem à tona sem nenhum planejamento, outros acumulam pequenos acontecimentos e os transformam em grandes histórias. "As histórias simplesmente aparecem na minha cabeça. A inspiração vem de tudo o que está à minha volta, do teatro, das crianças com quem convivo, da criança que fui e dos livros que sempre li", conta Tatiana Belinky. O escritor Ricardo Azevedo conta que suas histórias começam muito antes de serem escritas, e que esse processo de criação é sempre um aprendizado. "E nunca sei como minhas histórias vão terminar. Gosto que seja assim. É muito estimulante e divertido escrever sem saber onde vou parar. Escrever para mim é sempre um aprender tudo de novo, é sempre difícil e nunca sei se o texto vai ficar razoável ou se vou me arrebentar", afirma.
Na verdade, o importante não é apenas como surge a história, mas sim, a maneira de contá-la e emocionar o leitor. "A riqueza da literatura está em permitir que se entre em contato com diferentes formas de ver a vida e o mundo, diferentes formas de sentir, de pensar, de temer, de desejar, de acreditar e de duvidar. Quando a pessoa descobre isso, torna-se leitor", afirma Azevedo. E essa formação deve começar desde cedo. De acordo com pesquisa do Instituto Pró-Livro, a infância é a fase da vida em que as pessoas mais lêem (veja matéria aqui). Curiosas por natureza, as crianças lêem como podem, mesmo que seja de trás para frente ou de ponta cabeça. "Toda criança gosta de livro. Elas nascem desejosas de compreender o mistério que é o mundo e a vida. O livro para elas, desde pequena, é também um objeto a ser decifrado e que está ao alcance de suas mãos", diz Queirós.
O importante, portanto, é despertar a curiosidade infantil pelos livros, espalhá-los pela casa e permitir que sejam manuseados. E com isso, o leitor para a vida toda surgirá naturalmente. "Se uma criança vê um adulto apaixonado pela leitura de um livro, ela também vai querer experimentar isso. O que move a gente é a paixão", afirma Ricardo Azevedo.
Fonte: Revista Crescer
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