Blogueira, escritora e estudante de Direito em Juiz de Fora, Isabela Freitas, de 22 anos, será a primeira autora nacional a publicar um livro de ficção juvenil pela Intrínseca. A obra reunirá textos inéditos e algumas crônicas e contos que mesclam desabafos e conselhos, abordando diversos temas do universo feminino adolescente.
Fenômeno na internet, Isabela despontou quando, em 2010, criou o perfil anônimo @BlairVadia no Twitter — um personagem de humor ácido e sem papas na língua. Em apenas cinco meses, atingiu a marca de 130.000 seguidores. Em decorrência do sucesso das frases e pensamentos de sua autoria, atendeu aos pedidos das fãs: revelou sua identidade e criou o blog que hoje leva o seu nome. Em menos de um ano, já alcançou números extraordinários de seguidores, com média de 120 mil visualizações diárias, chegando a picos de 200 mil.
No blog e nos perfis nas redes sociais, Isabela troca ideias e confissões sobre assuntos que permeiam o dia a dia de uma garota comum: problemas no colégio, o primeiro amor, a primeira decepção, a dificuldade em encontrar amigos verdadeiros, o medo de se apaixonar novamente e de confiar em alguém… Além das próprias experiências de uma jovem de vinte e poucos anos que já viveu situações semelhantes às relatadas nos textos, ela encontra inspiração em problemas de amigas, desabafos de desconhecidas e histórias de fãs contadas nos mais de 100 e-mails que recebe por dia!
O livro, ainda sem título definido, tem lançamento previsto para a Bienal do Livro do Rio (28 de agosto a 9 de setembro). Até lá, conheça um pouco mais sobre nossa autora na entrevista a seguir, concedida com exclusividade ao Blog das Séries:
P: Você fala muito sobre espalhar o desapego pelo mundo. Como surgiu essa “missão” na sua vida?
R: Essa “missão” surgiu sem que eu percebesse. Na verdade, o engraçado é que eu namorei minha vida inteira. Sabe, eu não gostava muito de ficar sozinha ou de sair ”ficando” com vários garotos. Minha alma deve ser um pouco antiga. Então, o que se esperar de uma garota que gostava muito de namorar? Que ela ficasse arrasada com os términos! Mas, não, eu não ficava. E arrisco dizer que em (quase) todos os meus relacionamentos fui eu quem terminou. Simplesmente porque não aguentava ficar ”presa” demais. Daí, quando criei Twitter e fui colocar minha descrição na ”bio”, pensei: “Não se apega não.” E a frase marcou!
Gosto sempre de ressaltar que esse dito ”desapego” não significa que as mulheres devem se desvalorizar ou sair por aí ficando com várias pessoas e partindo corações. O desapego é saber se desprender de coisas que atrasam você, que não pertencem mais ao seu presente: o desapego é saber a hora de seguir em frente. E isso é muito importante para todos nós.
P: Na maioria das vezes, nós mesmos não conseguimos seguir os conselhos que damos aos amigos em situações difíceis, como o término de um namoro ou brigas com pessoas queridas. Você segue seus próprios conselhos?
R: Olha, até que sigo. Como tive vários relacionamentos, já passei por situações que são comuns a muitas pessoas, aprendi com meus erros, e muito! Então, procuro sempre aplicar tudo o que aprendi com os erros passados no meu presente. E até que está dando certo! Além disso, desde que criei o blog, sou uma pessoa completamente diferente e acho que esse processo de amadurecimento teve uma grande contribuição das muitas histórias que as leitoras me contam, dos desabafos. Assim, pude conhecer pessoas diferentes, aprender bastante sobre o comportamento humano e tentar adquirir um tipo de conhecimento sobre relacionamentos que não seria possível de outra forma.
P: Você se inspira em personagens reais ou fictícios para escrever? Como é o seu processo criativo?
R: Eu me inspiro nas pessoas que vejo pela rua, imagino que experiências elas guardam, que segredos escondem, quantos amores deixaram para trás, as decisões difíceis que já tomaram, os problemas que enfrentaram… Procuro ver o mundo com olhos criativos. Adoro escutar histórias, problemas de amigas, desabafos de desconhecidos, tudo isso me inspira de alguma forma. É engraçado porque acabo de assistir a um filme e corro para o computador cheia de ideias, querendo colocar todas para fora antes que eu esqueça. Tudo é motivo para criar um texto, uma crônica, um conto… Quando a gente coloca em palavras, tudo fica mais bonito.
P:Como são os momentos em que você para o que está fazendo para escrever? Você tem algum hábito específico, como ouvir a música tal ou só escrever de madrugada etc.?
R: Tenho um problema: quando bate a inspiração, preciso escrever correndo. E quando digo correndo, quero dizer correndo mesmo. Às vezes faço um texto em 15 minutos. É uma descarga de ideias. Mas tem aqueles momentos que você precisa se inspirar, precisa fazer algo fluir. Nesses momentos escuto músicas que ”acalmam minha alma”, e, sim, tenho preferência pela madrugada porque ela é silenciosa. E o silêncio me faz querer dizer alguma coisa.
P: Músicas, livros ou séries que marcaram a sua vida? Em que momento?
R: A pergunta mais difícil de todas! Sou completamente viciada em músicas, séries e principalmente livros. Vou tentar responder da forma mais resumida possível, pois se fosse falar de tudo iria dar um livro (rs)! Eu poderia escolher uma música para cada dia da minha vida, e isso daria milhares delas… Mas posso dizer que sou completamente apaixonada por bandas de rock alternativo, pop rock e indie rock. Geralmente, são músicas calmas, que dizem tudo que você quer escutar. Gosto muito das letras; sou viciada. Se a música é boa e tem uma letra que signifique algo, pronto, me conquistou!
Um livro que marcou a minha vida foi Harry Potter. Talvez por ter sido a primeira série que li ou pelo fato de que tinha a mesma idade do Harry quando comecei a ler os livros. Sinto que crescemos juntos, sabe? Foi e é a grande paixão da minha vida. Já li todos os volumes mais de dez vezes. Sem brincadeira! Os personagens, o enredo, a história, a mensagem que é passada ao logo da trama… É tudo sensacional.
E se tem uma série de TV que me ensinou muitas coisas boas na vida, essa série se chama One Tree Hill. Chorei em cada episódio e vivi a vida dos personagens como se fosse a minha. Arrisco dizer que passei a acreditar em amor verdadeiro somente após assistir a essa série. Indico a todos que gostam de boas histórias!
P:Seu perfil fake no Twitter atingiu a marca de 130 mil seguidores em apenas cinco meses, e o blog Isabela Freitas teve mais de 1 milhão de acessos no primeiro mês. A que você atribuiu esse sucesso imediato?
R: Atribuo à originalidade, talvez. Hoje em dia tudo se tornou muito comum. As pessoas gostam de ser comuns. O mundo aceita as coisas comuns. E eu não sou assim, sabe? Sempre fui diferente, sempre pensei diferente, e arrisquei colocar isso na internet. Eu poderia ter sido rejeitada ou ter feito muito sucesso. Isso é o bom de correr riscos.
P: Você nos contou que recebe, em média, 100 e-mails por dia. Como é a sua relação com os fãs e seguidores do blog?
R: Como trabalho muito com o blog, estou terminando a faculdade de Direito e ainda tenho que comer, viver, respirar… confesso que não consigo responder todos os e-mails que recebo. Leio todos, todos mesmo! E tento escrever textos que abordem o máximo de dúvidas e problemas que chegam todos os dias na minha caixa de entrada. Além dos que respondo diretamente na coluna “Conte Sua História”, onde mostro a história de alguém (sempre anônima) e ofereço um conselho, uma palavra amiga, uma solução…
No mais, a relação com os fãs e leitores é incrível. Sou muito presente nas redes sociais, principalmente no Twitter, e estou sempre lendo o que falam e respondendo dúvidas. Acho que todos que me acompanham se sentem íntimos e próximos a mim. Como uma melhor amiga mesmo.
P: Tem alguma história divertida sobre um fã/leitor?
R: Tenho! Uma vez estava na rua e percebi que tinha um grupo de meninas me seguindo e olhando muito para mim. Fiquei encucada: será que eu estava com a roupa rasgada? Com uma sujeira no rosto? Com a maquiagem borrada ou algo do tipo? Continuei andando. Entrei em uma loja e comecei a olhar roupas. Elas entraram atrás e ficaram olhando as roupas também. Fiz isso em mais umas três lojas até que a situação já estava engraçada demais e uma das meninas disse: “Você é a Isabela Freitas, né? Por favor, tira uma foto com a gente?” Fiquei muito feliz! Aconteceu bem no início do blog mesmo. Não esperava, isso me pegou muito de surpresa. Senti meu coração apertado por ver aquelas meninas me olhando com os olhinhos brilhando e depois saindo felizes. Mal sabem elas que fiquei mais feliz ainda. Ter seu trabalho reconhecido é uma das melhores sensações do mundo!
P: Seu namorado gosta do que você escreve? :)
R: Todo mundo deve pensar que não, né? Que ele sente ciúme… Mas, acreditem, ele adora. É uma das pessoas que mais me incentivou desde o início do blog. Ele sempre fez questão de me lembrar do quanto sou boa nos momentos em que precisei de ouvir isso para seguir em frente. Ele me motiva. E serve de inspiração também. Com ele eu aprendi o que é o amor, o que é um relacionamento e tive que deixar o desapego um pouco de lado (rs).
P: Você sempre teve facilidade para escrever? Tem dicas para aspirantes a blogueiros/escritores?
R: Escrever bem está associado à paixão pela leitura. Eu nunca conheci uma pessoa que escrevesse bem e não gostasse de ler. A cada livro você aprende uma palavra, uma mensagem, uma forma diferente de dizer aquilo que já foi dito. A minha maior dica é essa: leiam. Não só livros de um mesmo gênero, mas de todos. Ler é a melhor coisa do mundo. Você vive histórias que nunca poderia ter vivido na realidade. É melhor do que sonhar…
P: Você diz que escreve cartas que nunca envia. Alguma dessas cartas tem uma história especial?
R: Todas elas têm uma história especial. Elas guardam coisas que nunca tive coragem de dizer. Acho que vocês vão ter que procurar por essas cartas no meio das crônicas do livro, hein? (rs)
P: Escrever um livro é a realização de um sonho? O que você sentiu no dia em que assinou o contrato com a Intrínseca?
R: Escrever um livro é mais do que um sonho. E esse sonho não é só meu, mas também do meu pai. Só de pensar nisso meus olhos se enchem de lágrimas. Meu pai foi a pessoa que mais incentivou minha paixão pela leitura. Não que ele precisasse forçar, porque acho que já nasci com isso. Mas lembro que, quando era pequena, toda semana ele trazia uma caixinha de papelão com aqueles livrinhos infantis que toda criança já teve. Eu devorava em poucas horas. Quando cresci começamos a compartilhar nossos gostos e livros. Eu lia e passava para ele ler em seguida. Depois, ficávamos horas falando sobre o livro. É como se fosse uma coisa ”nossa”, sabe? A leitura.
No dia que assinei o contrato com a Intrínseca foi como se nada no mundo importasse mais. Eu ia lançar o meu livro. Eu ia ser uma daquelas pessoas que ficam na última página do livro. As mesmas pessoas que tanto me inspiravam, que aos meus olhos eram ídolos. E isso é inexplicável. De verdade.
P: O que os leitores podem esperar do seu livro?
R: O livro vai trazer uma série de contos e crônicas que farão você lembrar alguém do passado, ou esquecer quem já deveria ter saído da sua vida. O leitor vai se sentir protagonista da história, a cada página, porque é impossível não se identificar. Existe uma série de coisas pelas quais todas as pessoas do mundo já passaram um dia: problemas no colégio, o primeiro amor, a primeira decepção, a dificuldade de encontrar amigos verdadeiros, o medo de se apaixonar novamente, de confiar em alguém, a dificuldade de encerrar etapas, de deixar alguém partir, o orgulho que não deixa um pedido de desculpas se tornar verdade… Sabe aquelas coisas que ficam marcadas na alma e que você não conta pra ninguém? Então. Eu vou contar todas elas.
Fonte: Intrínseca
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