Não são vampiros que brilham no sol, nem bruxinho órfão, tampouco adolescentes com poderes divinos ou lutando contra um estado totalitário num futuro distópico.
Resistindo a todo tipo de modismo, o grande hit da literatura infanto-juvenil é um gurizinho loiro, algo melancólico, que adora viajar e divide o asteroide onde mora com uma rosa temperamental. Seu nome real permanece um mistério, mas por aqui ele ganhou um apelido que o tornou célebre no mundo todo: O Pequeno Príncipe.
Escrito e publicado em 1943, durante o exílio norte-americano do piloto francês Antoine De Saint-Exupéry, a história do aviador que encontra uma misteriosa criança durante uma pane no deserto do Saara não sai das listas de mais vendidos. No Brasil, onde é impresso desde 1952 pelo selo Agir, do grupo editorial Ediouro, está na 48ª edição, já vendeu mais de quatro milhões de cópias e está sempre entre os 10 primeiros de sua categoria. Em 2011, fechou na oitava posição no ranking geral.
O fenômeno cresce quando se considera que O Pequeno Príncipe não está atrelado a nenhum derivado, como filmes e gibis, e não é amparado por nenhuma campanha ostensiva de marketing. Sua edição mais vendida, inclusive, permanece inalterada, incluindo a capa e as famosas aquarelas de autoria de Saint-Exupéry. Foi somente no mês passado que a franquia ganhou algum tipo de renovação, com o lançamento, via editora Leya, dos primeiros livros de uma coleção inspirada no desenho animado que é sucesso no canal a cabo Discovery Kids.
- É um caso de livro que se vende sozinho, já está no imaginário das pessoas. Se você vai abrir uma livraria, não pode deixar faltar O Pequeno Príncipe. E uma das razões é o seu conteúdo, que fala com qualquer tipo de público - analisa Carlo Carrenho, consultor editorial e fundador do site de referência Publishnews.
Para o psicanalista e escritor Celso Gutfreind, a maneira como Saint-Exupéry trata a busca por nós mesmos - um dos pilares mais significativos do livro - é parte do segredo da universalidade do livro e segredo da longevidade do monarca do asteroide B-612.
- No fundo, trata do resgate de quem se é, na procura da alma em um mundo inóspito por fora e por dentro. Precisamos falar disso. Precisamos falar de nós. E, na forma, o autor o faz sempre com imagens instigantes, como a de um geógrafo que escreve livros, mas não vai a campo, ou sobre homens perdidos, beberrões, sovinas, incapazes de se vincular, além da presença de sugestivas serpentes e raposas. Tudo o que interessa está ali - aponta Gutfreind.
Carrenho salienta ainda que, diferentemente de sucessos contemporâneos, O Pequeno Príncipe não foi escrito com a intenção de ser um sucesso de vendas - portanto, não tem condições de competir de igual para igual com as séries Crepúsculo e Jogos Vorazes, por exemplo. Mas por não estar vinculado a nenhum tendência, está sempre na lembrança dos leitores.
- É a história da lebre e da tartaruga. E a gente sabe quem ganha no final - brinca.
NÚMEROS DO FENÔMENO POP
500 milhões de leitores em todo o mundo
150 milhões de cópias vendidas
Traduzido para mais de 260 idiomas
600 mil livros de pop-up vendidos
500 mil unidades da graphic novel vendidas
Reuniu 25 mil expectadores durante uma exibição de som e luz no distrito de La Défense, em Paris, em 2011
150 mil visitantes por mês no site oficial, que tem tradução para cinco idiomas incluindo em português.
Mais de 5 milhões de fãs no Facebook
Fonte: Zero Hora
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