28 de jun. de 2012

Festa Literária Internacional de Paraty irá homenagear Drummond

O escritor homenageado da décima Flip, Carlos Drummond de Andrade, começa um de seus poemas de um jeito que pode parecer pretensioso: "E como ficou chato ser moderno. / Agora serei eterno". Os versos, que de início soam como uma bravata, assumem outro sentido quando pensamos no contexto em que Drummond desenvolveu sua obra literária. Embora hoje seja considerado um clássico, por muito tempo Drummond recebeu críticas duras de pessoas para as quais o que ele escrevia não merecia nem mesmo ser chamado de poesia. "Ser moderno", na época, significava explorar novas formas de criação artística, que para esses críticos seriam esquecidas com o tempo, pois não tinham o valor das obras antigas. Nos versos acima, publicados quando ele já se tornara um autor consagrado (para muitos, o maior poeta brasileiro de todos os tempos), Drummond faz uma referência bem-humorada a essas discussões, que marcaram o rumo da literatura brasileira no século XX.


Se hoje tendemos a pensar em Drummond como um artista "eterno", ou pelo menos como um escritor que merece continuar sendo lido e relido, isso significa que de alguma forma ele se tornou menos "moderno"? As experiências que pareciam tão novas décadas atrás (e até escandalosas para os críticos mais conservadores) perderam sua capacidade de nos surpreender? Um dos traços marcantes da obra de Drummond é que ela desde cedo soube combinar as invenções modernistas com um grande domínio da forma poética e uma visão aguda dos dilemas humanos. Ou seja, desde seu primeiro livro, Alguma poesia, Drummond demonstrou que a escolha entre ser moderno e ser eterno era um falso dilema. E hoje, quando o chamamos de "clássico", isso não quer dizer que ele tenha deixado de ser um autor desafiador. Muitos dos poemas de Drummond botam em questão as características que ainda hoje diversas pessoas consideram definidoras do que é uma boa poesia. 


Saiba tudo sobre a Flip no link http://www.flip.org.br/

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